Passa ano e chega ano e a Tyson American Cup não muda. Mais uma vez tenho a sensação de que esta, que já foi uma das mais prestigiadas competições do calendário “ginástico”, não passa de um instrumento de publicidade para os ginastas americanos.
Em primeiro lugar, as seleções americanas (feminina e masculina) podem mandar quatro ginastas, sendo que dos outros países apenas um ginasta é convidado para cada categoria. Isso já aumenta a chance do ouro, prata e bronze serem do país sede. Nada contra, desde que outros países possam também mandar mais de um representante e desde que os convidados possam competir de igual para igual com os anfitriões.
Minhas críticas são muito mais em relação à competição feminina. Claro que a masculina não é perfeita. O resultado foi mais do que previsto, sem surpresas, a não ser a desistência de última hora do alemão Fabian Hambüechen – único com alguma chance de ameaçar os atletas da casa. Paul Hamm, atual campeão olímpico, levou o ouro merecido, deixando o compatriota Alexander Artemev com a segunda colocação e o japonês Hisashi Mizutori em terceiro. Lu Bo, chinês, ficou em quarto lugar, seguido dos americanos Jonathan Horton – campeão em 2007 - e Raj Bhavsar e do romeno Flavius Koczi.
Entre as meninas, a competição foi menos interessante ainda. Além das americanas, foram chamadas uma chinesa (que se machucou nos treinamentos e acabou por não competir), uma alemã, uma venezuelana, uma colombiana e uma canadense. Nenhuma romena, russa ou ucraniana. Alguns países, como Romênia, deixaram de ser convidados porque nunca mandavam representantes no feminino. A explicação dos técnicos europeus era de que a competição era injusta, logo não valia a pena ir até os Estados Unidos, se a vitória já estava definida.
A briga acabou sendo só entre as quatro americanas mesmo, já que nenhuma das sul-americanas nem a canadense Alyssa Brown poderiam ser comparadas com as atuais campeãs mundiais. O nível, portanto, foi baixo e a competição funcionou praticamente como um U.S. Nationals, só que com um número menor de ginastas.
Além da lista de participantes, sinceramente, tosca (!), as notas são de fazer qualquer um rir. Nastia Liukin, multi-medalhista em mundiais, levou o ouro de forma BEM duvidosa. Recebeu um generoso 16.60 nas barras assimétricas, numa série cheia de pequenos erros que não deveria ter passado dos 15.60. Só com o erro na saída do aparelho (duplo para frente com meia volta), ela devia perder oito décimos, deixando ela com 16.70. Como é que ela perdeu só 0.1 no resto da série toda?! No solo, então, ficou claro que os juízes a estavam favorecendo. Como dar 9.50 de execução numa série que só na primeira passada (pirueta para frente + Tarasevich) ela perdeu 0.5?
A segunda colocada, Shawn Johnson, atual campeã mundial, não ficou de fora dos “escândalos”. Todas as notas - tirando a do salto sobre a mesa - foram infladas. A única que me agradou, no geral, foi a terceira colocada, Samantha Peszek, que esteve apagada nos últimos Mundial e Jogos Pan-Americanos. Suas notas não foram as mais justas, mas ela provou que é candidata a uma das vagas da seleção americana para Pequim. Ao contrário, a quarta americana, Shayla Worley, decepcionou, cometendo erros que não eram esperados. Sobre as outras ginastas, nem vou falar. Elas estavam ali só figurando para dar impressão de que havia competição sendo transmitida.
[Alguns vídeos já estão disponíveis no YouTube. Basta buscar por American Cup 2008. Os resultados completos estão linkados durante o texto.]
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