Apesar da queda de rendimento nos últimos anos, em função de lesão no pé e da própria idade, Daiane dos Santos ainda é a ginasta mais querida do País. O público alagoano, que lotou o ginásio do SESI, no centro de Maceió, para assistir ao Campeonato Brasileiro Adulto de Ginástica Artística, não parou de gritar o nome da ginasta gaúcha, finalista olímpica na prova de solo, em 2004.
Mesmo com a quarta colocação no solo, prova que a levou ao topo do pódio no Mundial de Anaheim, em 2003, Daiane foi uma das mais requisitadas estrelas da ginástica nacional para dar autógrafos e tirar fotos durante a competição, que aconteceu nos dias 13 e 14 de junho.
As ginastas da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal, do Paraná, mostraram superioridade técnica e consistência e levaram o ouro por equipes, na sexta-feira, dia 13. A prata, nesta mesma categoria, ficou com o Clube de Regatas do Flamengo, representado por, entre outras, Jade Barbosa e Daniele Hypólito. Jade não treina mais no clube carioca desde 2005, quando foi selecionada para integrar a seleção brasileira no Centro de Treinamento em Curitiba, mas ainda o representa, assim como Daniele Hypólito, que voltou a treinar no Rio esse ano, para melhor se preparar para os Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto, na China. A mudança de ares parece ter tido efeito. Hypólito, primeira medalhista brasileira em mundiais (prata na Bélgica, em 2001), parece ter recuperado a energia e confiança, ausentes nas suas últimas apresentações. O bronze por equipes ficou com o Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, representado por Daiane dos Santos e Lais Souza.
No masculino, o ouro foi merecidamente para o SERC, equipe de São Caetano (SP), representada pelo ginasta Arthur Zanetti, que da Copa do Mundo de Maribor, na Eslovênia, esse ano, voltou com um bronze no solo. A equipe paulista mostrou, realmente, uma superioridade em aparelhos mais difíceis como argolas e cavalo com alças. Os jovens ginastas, incluindo revelações como Renato Ribeiro, passaram pelos aparelhos com poucos erros, deixando o Esporte Clube Pinheiros e o Clube de Regatas do Flamengo, representado por Diego Hypólito, nas segunda e terceira posições, respectivamente.
Ainda na sexta-feira, foi definido o pódio da competição individual por aparelhos. Jade Barbosa, nova estrela da modalidade no país, levou três ouros no salto, barras e solo e sua colega de equipe, Daniele Hypólito garantiu a melhor posição na trave.
Entre os homens, as medalhas de ouro foram para Diego Hypólito, no salto e solo, Arthur Zanetti nas argolas, com tranquilidade, Sergio Eras, no cavalo com alças, Mosiah Rodrigues, nas paralelas e Luiz dos Anjos, na barra fixa. Resultados mais detalhados podem ser encontrados no site da Confederação Brasileira de Ginástica.
Final Individual Geral com surpresas
No dia seguinte, foi disputada a competição individual geral, onde as notas de todos os aparelhos são somadas. Ginastas como Daiane dos Santos, que não competiram todos os aparelhos no primeiro dia, não puderam disputar medalhas nesta categoria. No feminino, a surpresa ficou por conta da potiguar Ana Cláudia Silva, que treina em Curitiba, junto à seleção. Ela levou o ouro depois de apresentações consistentes e bem executadas. Jade Barbosa, terceira colocada nesta mesma categoria no Mundial de Sttutgart, na Alemanha, ano passado, ficou com a prata em Maceió, depois de contabilizar uma queda na trave e uma no salto sobre o cavalo, seu melhor aparelho. O bronze foi pendurado no pescoço de Daniele Hypólito que buscou, nessa competição, mostrar ao técnico da seleção brasileira, o ucraniano Oleg Ostapenko, que está pronta para Pequim.
O irmão de Daniele, Diego, levou o ouro na competição masculina. A prata ficou com o veterano Mosiah Rodrigues, único ginasta brasileiro em Atenas e ouro na barra fixa no Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007. Victor Camargo, de São Paulo, subiu no pódio com o bronze. Outros ginastas, também favoritos a medalhas, estavam machucados durante o evento. Victor Rosa, do Flamengo, não competiu solo e salto, assim como Luiz Augusto dos Anjos, do Pinheiros. Os dois se machucaram antes mesmo da competição. Zanetti não competiu cavalo com alças, em função de pequena lesão no punho e Danilo Nogueira, do Pinheiros, caiu no salto sobre a mesa, machucando o joelho, ficando impedido de terminar a competição.
O evento teve resultados satisfatórios, deixando uma boa impressão da equipe que representará o país em Pequim. Diego Hypólito será o único representante masculino, com grandes chances de ouro no solo. No feminino, a equipe ainda não está totalmente definida. Ana Cláudia Silva, Jade Barbosa, Daniele Hypólito, Daiane dos Santos e Lais Souza parecem estar garantidas, deixando apenas uma vaga para ser disputada entre Ethiene Franco, de Curitiba e Juliana Santos, de Porto Alegre. Khiuani Dias, que tinha vaga garantida na equipe, está machucada e, segundo ela, não deve estar preparada até agosto. Independente de quem conseguir a última vaga, o Brasil estará bem representado em solo chinês.
Daiane tem segunda chance na China
A ginasta Daiane dos Santos, de 25 anos, vai ter, em Pequim, uma segunda chance de conseguir a tão esperada medalha no solo que, infelizmente, não veio em 2004. A ginasta apresentou no último fim de semana, no campeonato nacional, uma série mais difícil e melhor executada, em relação às que vinha apresentando nas últimas competições internacionais.
Ainda assim, Adriana Alves, técnica de Daiane até 2002 e que ainda tem relação com a ginasta, acredita ser quase impossível uma medalha em 2008. “A cabeça da Daiane ainda pode estar boa, mas eu sinto que o corpo dela já não é mais o mesmo”, opina Alves. Segundo ela, as chances de subir ao pódio são bastante incertas e existem ginastas atualmente superiores à brasileira. “Ela pode ser uma oportunista. Se outras ginastas mais fortes errarem, ela pode beliscar alguma coisa”.
* Essa matéria também foi publicada no site da Revista Lupa. Lá você tem acesso a outras matérias sobre ginástica artística na Bahia.
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